quinta-feira, 7 de outubro de 2010

Desastres ambientais com chumbo assolam Hungria e Nigéria


Lama tóxica inundou a cidade húngara de Kolontar/Foto: AP

O que Hungria e Nigéria têm em comum? A semelhança que envolve o país europeu e o africano, respectivamente, não é nada animadora: as duas nações sofrem atualmente em razão de desastres ambientais relacionados ao vazamento e envenenamento por chumbo.

Na Hungria, o vazamento de lama tóxica de uma empresa de alumínio na segunda-feira, 4 de outubro, deixou quatro mortos, seis desaparecidos e 116 feridos. O acidente na cidade de Ajka ocorreu depois que um dique repleto de "barro vermelho" (substância tóxica, corrosiva e alcalina) rompeu. As vítimas que não sobreviveram foram arrastadas pelo lodo formado por um milhão de metros cúbicos da substância química e água, segundo informações das autoridades.

Moradora salva gato do mar de lama em Devecser/Foto: AP
"É uma catástrofe ecológica", definiu o secretário de Estado do Meio Ambiente, Zoltán Illés, que indicou que o vazamento ameaça três rios húngaros. A Hungria abriu um inquérito criminal nesta quarta-feira, 6 de outubro, para apurar o vazamento de lama tóxica e a União Europeia pediu às autoridades que se esforçem para deixar a substância contaminada longe do Danúbio (o segundo maior rio da Europa), o que afetaria outras seis nações: Croácia, Sérvia, Romênia, Bulgária, Ucrânia e Moldávia.

Nigéria, chumbo e ouro

Já a Nigéria sofre desde março com a contaminação de 18 mil pessoas, das quais 400 são crianças com idade inferior a 5 anos, em razão da mineração ilegal de ouro no estado de Zamfra, segundo dados divulgados na terça-feira (5) pela ONU (Organização das Nações Unidas).

O envenenamento foi descoberto no início do ano durante o programa de imunização anual feita pela agência humanitária Médicos Sem Fronteiras (MSF), quando os doutores perceberam que a maioria das crianças da região estava morrendo - algumas vilas não tinham crianças com menos de 5 anos. Os moradores alegaram que as mortes foram causadas pela malária, mas os exames de sangue feitos pelo MSF apontaram a contaminação por produtos químicos.

Criança em um lago cheio de petróleo na Nigéria/Foto: Jane Hahn - NYT


O minério garimpado nas redondezas é levado aos vilarejos para processamento adicional, trabalho que com frequência é feito por mulheres e crianças pequenas. Os produtos químicos contaminaram o solo, a água e os que inalaram as partículas de poeira. 

A poluição causada pelos vazamentos de petróleo também castiga o país, o maior exportador do combustível do continente. Pelo menos 2 bilhões de litros vazaram no Delta do Níger nos últimos 50 anos, onde crianças nadam e a população vive normalmente.

Segundo agências internacionais, a pobreza da população é um estímulo para a prática da mineração ilegal. A busca por ouro em jazidas onde se encontram também minerais como chumbo, cobre e mercúrio, é uma fonte de renda primordial para as pessoas destas localidades. O ouro artesanal dá maiores rendimentos que a agricultura. Um grama de ouro é vendido a 3.500 nairas (US$ 26), enquanto 50 kg de milho valem 6.000 nairas (US$ 45).



Fonte: www.ecodesenvolvimento.org.br

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