quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

"Big Brother" verde

Espiada 24 horas por dia pela internet, família sueca enfrenta o desafio de levar a vida normalmente, mas reduzindo em sete vezes o impacto que provoca no meio ambiente.            

Edson Franco e André Julião

                                                                                                           DIVULGAÇÃO

Como no reality show mais popular da tevê, o experimento sueco “One Tonne Life” mostra gente confinada em um local cheio de câmeras. Mas as semelhanças param por aí. Ambos têm paredões, só que, no segundo caso, eles são feitos com painéis solares. Em vez de corpos sarados e cenas quentes, a atração sueca traz uma família em luta pela diminuição da própria pegada de carbono ou, visto de modo mais amplo, envolvida na salvação do planeta.

A família em questão é a Lindell, formada pelo pai, Nils, a mãe, Alicja, e os filhos Hannah e Jonathan. A meta, por morador, é viver um ano deixando uma pegada de carbono de no máximo uma tonelada, num país em que a média per capita é de sete toneladas, o que faz a Suécia ocupar a posição número 74 no ranking mundial. Na 11ª posição, os EUA são habitados por pessoas que deixam 20 toneladas de carbono por ano, dez vezes mais que os brasileiros.

Para tornar a missão dos Lindell mais fácil, uma casa especial foi construída em Estocolmo. Janelas energeticamente eficientes, telhado e fachada com painéis solares, uma estação de reciclagem e lâmpadas de LED são alguns itens. Na garagem, há um carro elétrico.

Com todas essas “molezas”, a maior tarefa dos Lindell é tomar as decisões corretas. Do banho à alimentação, do transporte ao lazer, tudo entra na conta. Eles já completaram um mês na casa e diminuíram bastante a pegada de carbono, mas ainda estão longe da meta (leia quadro). Para acompanhar os próximos passos da família, basta visitar o site do “One Tonne Life” (http://onetonnelife.com/).

Embora tenha sido concebido para ser o mais “real” possível, o experimento ainda está longe de ser factível aos simples mortais. Sem o auxílio e o apoio de grandes empresas, é impossível construir uma casa como a do projeto. Mas ela deve ser vista como um exemplo do que podem ser as moradias de um futuro mais sustentável. E, para que todos nós conheçamos melhor essas possibilidades, nada mais conveniente do que juntar duas características humanas: o voyeurismo e a atração por desafios.

Essa tática vem gerando pequenos “big brothers” em que o prêmio não é medido em milhões. Em janeiro, a revista americana “Good” lançou 12 desafios a serem cumpridos ao longo do ano. Os candidatos são os próprios jornalistas. Neste mês, a editora de comida Nicola Twilley não pode ingerir nenhum alimento industrializado. Espera ter o mesmo sucesso que o editor de cultura Cord Jefferson. Ele passou janeiro inteiro tomando banho sem a companhia de produtos químicos. Em setembro do ano passado, a blogueira ecológica Jan Underwood lançou um desafio bem mais ousado: passar um ano sem adquirir nada com plástico. Com algumas dificuldades, ela vem mostrando que nossa sobrevivência não depende da destruição do planeta.





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